O Encontro Invisível

Há olhares que apenas enxergam, e há olhares que sentem. Quando sentimos a alma daquilo que vemos, já não estamos apenas diante do mundo, estamos dentro dele. Como se os contornos da matéria se dissolvessem por um instante e revelassem um mistério que só se revela a quem ousa sentir.

Ver com a alma é reconhecer a centelha de vida por trás de cada gesto, objeto, ser. É perceber o silêncio entre as palavras, a história contida num olhar, a presença viva numa árvore, numa pedra, num instante. E quando isso acontece, quando algo ou alguém nos toca de volta, não com palavras, mas com presença, nasce um tipo de encontro raro, não de corpos, não de pensamentos, mas de essência.

É nesse toque invisível que a magia acontece. Um vínculo que não se explica, mas se reconhece. A alma do outro nos chama não para ser compreendida, mas para ser sentida. E nesse chamado silencioso há um convite: o de sermos mais inteiros, mais atentos, mais vivos.

Encontrar a alma do que nos cerca é reencontrar a nossa. É lembrar que somos mais do que aparência, mais do que rotina, mais do que medo. Somos parte do pulsar sutil da existência. E quando deixamos que esse encontro aconteça, quando paramos para sentir de verdade, algo em nós desperta. Algo que não tem nome, mas que podemos chamar, simplesmente, de verdade.