A Raiz do Sofrimento

Nada que se move no tempo pode ser segurado com força. É uma ilusão acreditar que conseguimos aprisionar momentos, pessoas ou sensações. O instante em que rimos até perder o fôlego, o olhar que nos tocou profundamente, a presença que um dia parecia eterna — tudo isso escorre como água entre os dedos, por mais que tentemos fechar a mão.

O sofrimento nasce justamente dessa tentativa de resistir ao fluxo natural da vida. Queremos que a alegria não acabe, que o amor nunca mude, que a dor não nos alcance. Mas o tempo, indiferente, transforma tudo em outra coisa. Nada permanece intacto, porque nada que se move poderia permanecer fixo.

Quando aceitamos esse movimento contínuo, descobrimos que não precisamos segurar o que já partiu. A lembrança pode nos acompanhar sem ser prisão. A mudança pode ser testemunhada sem nos roubar a paz. O coração amadurece quando percebe que viver não é guardar, mas fluir.

É nesse desapego silencioso que surge a verdadeira liberdade: a de caminhar leve, sem a ânsia de deter o rio que sempre seguirá adiante.

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