Recuperar o Brilho no Olhar e Voltar a Ser Quem eu Era

Houve um tempo em que meu olhar brilhava de esperança. Eu acordava todos os dias com uma sensação de possibilidade, como se o mundo estivesse cheio de caminhos que esperavam para serem descobertos. Sonhava sem medo, acreditava sem restrições e encontrava beleza nos pequenos detalhes da vida. Mas, em algum ponto do caminho, esse brilho começou a se apagar. A rotina apertou, as responsabilidades cresceram, os desafios se acumularam, e a leveza que antes me acompanhava foi sendo substituída por um peso invisível, mas constante.

Percebi que, aos poucos, deixei de ser aquele homem sonhador que olhava para o futuro com entusiasmo. Passei a aceitar dias cinzentos sem questioná-los, a me conformar com a falta de emoção nas pequenas coisas e a me acostumar com um cansaço que não era apenas físico, mas existencial. Não foi uma mudança brusca, e talvez por isso tenha demorado tanto para perceber. Quando notei, já estava há muito tempo vivendo no piloto automático, sem aquele brilho no olhar que um dia me definiu.

E então me perguntei: quando foi que deixei de ser eu mesmo? Quando foi que os sonhos ficaram pequenos e as alegrias escassas? A resposta não veio de imediato, mas dentro de mim algo despertou. O simples fato de reconhecer essa ausência já era um sinal de que precisava recuperar o que foi perdido. Não adiantava esperar que a vida me devolvesse aquilo que eu mesmo permiti que se apagasse. Eu precisava agir, resgatar as partes de mim que ficaram pelo caminho e encontrar um jeito de voltar a sentir a vida pulsando como antes.

Comecei a buscar na memória os momentos em que me senti mais vivo. O que me fazia sorrir? O que me fazia querer levantar da cama pela manhã? Aos poucos, fui percebendo que não eram grandes acontecimentos, mas sim os pequenos detalhes que eu havia deixado de lado. A música que me fazia cantar sem perceber. As conversas que me traziam inspiração. O prazer de aprender algo novo. A sensação de liberdade ao simplesmente andar sem destino. Não eram coisas inalcançáveis, e foi aí que compreendi: o brilho no olhar nunca esteve nas circunstâncias externas, mas sim na forma como eu enxergava a vida.

Se fui capaz de perder essa luz, também sou capaz de recuperá-la. Não se trata de voltar no tempo, mas de resgatar o que sempre esteve dentro de mim e que, por alguma razão, ficou esquecido. Decidi que minha meta mais urgente não é conquistar mais dinheiro, reconhecimento ou status. Minha meta mais urgente é voltar a ser aquele homem que via a vida com entusiasmo, que acreditava no amanhã e que se permitia sonhar sem medo. Sei que essa jornada depende apenas de mim, e estou disposto a trilhá-la.

Recuperar o Brilho no Olhar

Robledo Gonzalez Costa